Pe. Francisco IVO, CM XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Pe. Francisco IVO, CM
DIA 11 DE SETEMBRO - DOMINGO
Mateus 18,21-35
O capítulo 18 de Mateus, ao qual pertence o texto de hoje, procura mostrar aos seguidores de Jesus como viver a justiça do Reino dentro da comunidade, sobretudo em situações difíceis como, por exemplo, na questão do perdão. A pergunta de Pedro a Jesus demonstra que se trata de questão delicada: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes”. A parábola que segue é a resposta de Jesus. Ele mostra aos seus seguidores que, para entrar no Reino do Céu, é preciso superar a justiça dos doutores da lei e dos fariseus. De fato, a lei dos rabinos tinha chegado a um consenso sobre o número de vezes em que devemos perdoar quem nos ofendeu: era suficiente perdoar quatro vezes o mesmo erro. Pedro, ao fazer a pergunta, demonstra boa vontade em superar as barreiras da justiça humana codificada em quantidades numéricas. Ele imagina que sete vezes seja o limite máximo. Jesus vai mostrar que não se trata de números quantitativos. O perdão é questão de qualidade. Se não for total e contínuo não é perdão. Com isso amplia-se o que foi dito na oração do Pai Nosso: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Nós damos a Deus o método para nos medir. A resposta de Jesus a Pedro mostra que somente o perdão pode salvar uma comunidade da ruína: “Não lhe digo que até sete vezes, mas setenta vezes sete”, ou seja, sempre.
Na há limite para o perdão. A parábola do Evangelho de hoje contém três cenas sucessivas bem ligadas entre si. É uma comparação que ajuda a entender o que é a justiça do Reino. Na primeira cena encontramo-nos diante de um rei, que faz a gente se lembrar de Deus, que resolveu acertar as contas com seus empregados. Isso nos recorda que todos nós teremos de acertar as contas com Deus. A parábola vai logo ao que é mais importante, apresentando em primeiro lugar um empregado que devia dez mil talentos. Estranhamente, o texto não diz, em seguida, quanto o outro devia. É sinal de que cada pessoa deverá perguntar-se: A quanto chega a minha dívida com Deus? No seu conjunto, a parábola dá a entender que esse empregado que devia dez mil talentos somos todos e cada um de nós.
A parábola mexe com quantidades. Um talento de ouro pesava mais de 30 quilos. Ora, o empregado que somos nós tem uma dívida de dez mil talentos. É fácil fazer as contas. Maior é o susto quando chegamos aos resultados concretos: dez mil talentos é uma soma que ninguém conseguirá pagar. Mesmo vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía ainda não conseguiria saldar sua dívida. A segunda cena põe frente a frente aquele que foi perdoado e um de seus companheiros. Nesse caso, a dívida e insignificante se comparada com os dez mil talentos. A reação do empregado não é marcada pelas entranhas de misericórdia. Muitas vezes agimos exatamente ao contrário do que Deus faz conosco. O primeiro e único perdão é o que Deus nos concede gratuitamente. O resto é simplesmente misericórdia e gratuidade nas relações entre pessoas perdoadas. Não havendo misericórdia, também na haverá perdão por parte de Deus. Nossa dívida para com Deus, impagável, é inesperadamente perdoada, superando nossas expectativas e pretensões.
Que a palavra de Deus inflame nos corações para a prática do perdão. Caso procedamos de outra forma Jesus nos diz que estamos autorizando a Deus para que nos trate da mesma forma com que tratamos nosso semelhante.
Uma ótima semana a todos!
Pe. Francisco Ivo
Paróquia São Pedro e São Paulo